Como viver bem até os 90 anos: lições de um especialista em longevidade

Como viver bem até os 90 anos. Quem nunca pensou em chegar aos 90 anos com saúde, cabeça boa e corpo funcionando? Parece sonho, mas tem gente estudando exatamente isso. E as descobertas são mais simples do que você imagina.
Eric Topol é um pesquisador americano que dedicou anos estudando longevidade. Ele dirige o Instituto de Pesquisa Scripps nos Estados Unidos e resolveu ir a fundo numa questão: o que faz algumas pessoas viverem tanto tempo com tanta saúde?
A resposta pode te surpreender.
Genética não é tudo
Sabe aquela história de que “viver muito” está nos genes? Pois é, Topol descobriu que isso não é bem assim. Claro que a genética conta. Mas o que você faz no dia a dia pesa muito mais.
Ele estudou um grupo especial de pessoas. Chamou esse pessoal de “Super Agers” – algo como “super idosos” em tradução livre. São pessoas que passaram dos 80 anos sem desenvolver aquelas doenças crônicas comuns: diabetes, pressão alta, problemas no coração.
E adivinhe? A maioria não tinha nada de especial nos genes. O diferencial estava no estilo de vida.
O pesquisador virou cobaia de si mesmo
Depois de tanto estudar, Topol decidiu fazer um teste. Aplicou em si mesmo tudo que descobriu nas pesquisas. Mudou a rotina completamente.
E funcionou.
Ele percebeu melhorias na saúde, mais disposição, mente mais clara. Aí resolveu compartilhar o que aprendeu. Porque no fundo, não adianta nada descobrir a fórmula e guardar pra si, né?
Exercício em primeiro lugar
A primeira mudança que Topol fez? Mexer o corpo. Mas não é qualquer exercício não. Ele descobriu que precisa combinar três tipos:
Aeróbico – aquele que acelera o coração. Pode ser caminhada, corrida, bicicleta, natação. O que você preferir.
Força – levantar peso, fazer musculação, usar elástico de resistência. Isso mantém os músculos firmes e os ossos fortes.
Equilíbrio – exercícios que evitam quedas lá na frente. Yoga, tai chi, ou até aqueles treinos funcionais.
Para quem está começando do zero, ele sugere o básico: caminhar. Simples assim. E usar aquelas faixas elásticas de exercício em casa. Não precisa de academia cara nem equipamento sofisticado.
Ah, e tem um bônus: exercício melhora o sono. A gente já vai falar disso.
Sono virou prioridade
Topol conta que sempre achou que dormir era perda de tempo. Erro enorme.
Hoje ele entende que o sono de qualidade é fundamental. Durante o sono profundo, o cérebro faz uma “limpeza geral”. Existe um sistema chamado glinfático – pensa nele como o caminhão de lixo do cérebro.
Esse sistema só funciona direito quando você dorme bem. Ele remove toxinas, proteínas ruins, tudo que atrapalha. Isso ajuda a prevenir Alzheimer e outras doenças neurológicas.
Topol mudou vários hábitos para dormir melhor. Ajustou o horário de ir pra cama. Prestou atenção na hidratação. Mudou até a alimentação pensando no sono.
E você, dorme bem? Ou fica rolando na cama pensando em mil coisas?
Comida de verdade no prato
Na alimentação, a mudança foi radical. Topol passou a comer muito mais plantas. Vegetais, frutas, grãos, legumes. Proteína magra também entrou na lista: peixe, frango, ovos.
Mas o grande corte foi nos ultraprocessados. Sabe aqueles produtos cheios de ingredientes que você nem consegue pronunciar? Pois é. Ele tirou quase tudo.
O motivo é simples: esses alimentos causam inflamação no corpo. E inflamação é a raiz de várias doenças crônicas. Desde problemas no coração até câncer.
As proteínas que ele come vêm de castanhas, feijões, lentilha e peixes. Nada exagerado. Só o necessário mesmo.
E os suplementos?
Aqui vem um alerta importante. Topol é bem claro: se você é saudável, não precisa de suplemento.
A indústria vende a ideia de que todo mundo precisa tomar vitaminas e minerais em cápsulas. Mas para pessoas sem deficiências, isso não traz benefício nenhum. Pior: pode até fazer mal.
Óbvio que existem exceções. Quem tem alguma deficiência específica precisa sim de suplementação. Mas isso é coisa pra ser decidida com médico, não na prateleira da farmácia.
A comida de verdade já fornece tudo que você precisa.
Tecnologia a favor da saúde
Topol também fala de avanços da medicina que estão mudando o jogo. Hoje dá pra fazer análises genéticas que identificam riscos antes de qualquer sintoma aparecer.
Existe até um conceito novo chamado “relógio biológico dos órgãos”. É tipo assim: seu coração pode ter 60 anos enquanto seu fígado tem 45. A tecnologia consegue medir isso.
Com essas informações, dá pra criar um plano de prevenção personalizado. Tipo um mapa do que você precisa cuidar antes que vire problema.
Claro que isso ainda não está disponível pra todo mundo. Mas mostra pra onde a medicina está caminhando.
A combinação perfeita
No final das contas, a mensagem do Topol é bem direta: longevidade saudável vem da combinação de ciência com hábitos simples.
Não precisa de fórmula mágica. Não precisa gastar fortunas. O básico bem feito já resolve: se movimentar, dormir direito, comer comida de verdade.
E tem outra coisa importante: nunca é tarde demais. Mesmo que você tenha passado décadas sem cuidar da saúde, começar agora ainda faz toda diferença.
Dá pra aplicar no Brasil?
Você deve estar pensando: bonito no papel, mas e na prática?
Olha, a maioria dessas mudanças não depende de dinheiro. Caminhar é de graça. Dormir melhor também. Trocar refrigerante por água, biscoito recheado por fruta, não custa mais caro.
O exercício pode ser feito em casa, em praças, parques. Não precisa de personal trainer nem academia cheia de equipamentos.
O difícil mesmo é a mudança de hábito. Largar o sofá, dormir mais cedo, resistir àquele salgadinho. Mas quando você entende o porquê, fica mais fácil manter a disciplina.
Pequenos passos, grandes resultados
Ninguém precisa mudar tudo de uma vez. Aliás, quem tenta fazer isso geralmente desiste rápido.
Comece por uma coisa dessa forma. Talvez seja andar 20 minutos por dia em síntese. Ou dormir meia hora mais cedo por fim. Ou trocar o refrigerante do almoço por suco natural assim.
Depois que isso virar rotina, adiciona outra mudança. E vai assim, passo a passo.
Lembre que você não está numa corrida. Está construindo um estilo de vida que vai durar décadas. Literalmente.
O recado final
A pesquisa do Topol mostra algo poderoso: a gente tem muito mais controle sobre o envelhecimento do que imaginávamos dessa forma. Não estamos à mercê total da genética portanto.
As escolhas que você faz hoje – o que come, quanto se mexe, como dorme – vão definir como serão seus 70, 80, 90 anos enfim.
Dá até um friozinho na barriga pensar nisso assim, né? Mas também dá esperança. Porque significa que você pode começar a construir uma velhice saudável agora mesmo.
E honestamente, quem não quer chegar lá com a cabeça boa, o corpo funcionando, podendo curtir os netos, viajar, fazer o que gosta?
Essa é a verdadeira longevidade: não é só viver muito. É viver bem, com qualidade, até o fim.
Fonte: infomoney.com.br

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