La Liga investe milhões contra pirataria

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La Liga investe milhões contra pirataria e consegue bloqueios até na América do Sul

 

La Liga investe milhões contra pirataria. Você já assistiu um jogo de futebol por aqueles sites ou aplicativos “de graça”? Pois é, parece vantagem, mas tem um problema enorme por trás disso. E a La Liga espanhola está gastando milhões para acabar com essa história.

A pirataria no futebol virou uma dor de cabeça mundial. E não estamos falando de valores pequenos não.

Os números que assustam

A La Liga calcula que os times espanhóis perdem entre 600 e 700 milhões de euros por temporada. Convertendo para nossa moeda, dá algo entre R$ 3,7 bilhões e R$ 4,3 bilhões. É quase metade de tudo que eles recebem com direitos de transmissão.

Pensa bem: metade do dinheiro que deveria entrar nos clubes simplesmente evapora por causa da pirataria.

Aqui no Brasil a situação também é grave. A Globo, dona do Premiere, estima perder R$ 500 milhões por ano. O governo federal calcula que deixa de arrecadar mais de R$ 2 bilhões em impostos anualmente.

E os clubes brasileiros? Deixam de faturar quase R$ 10 bilhões. Dinheiro que poderia ir para infraestrutura, base, salários, projetos sociais.

América Latina lidera o problema

Se você acha que isso é coisa só daqui, se enganou. Na verdade, a América Latina é campeã mundial em pirataria de conteúdo esportivo.

Um estudo de 2024 mostrou algo impressionante: metade de todos os acessos a sites de vídeo na região são para domínios ilegais. Metade!

No México, 77% dos torcedores admitem consumir conteúdo pirata pelo menos uma vez por mês. No Brasil, 67% fazem o mesmo. Enquanto isso, na Espanha, o índice é de 59%.

A gente tá “ganhando” nessa corrida errada.

La Liga parte para o ataque

A liga espanhola não ficou de braços cruzados. Montou uma estrutura gigante de combate à fraude. São mais de 50 funcionários espalhados entre Madri e Cidade do México, além de um laboratório especializado nos Emirados Árabes.

O orçamento anual? Mais de 3 milhões de euros.

Eles desenvolveram ferramentas com nomes bem sugestivos. Tem a Lumière, que coleta informações técnicas para ações judiciais. A Wind Sacker, que mapeia onde tem mais sites ilegais. E a Black Hole, que rastreia donos de serviços de IPTV clandestinos.

Só para você ter ideia: em cada jogo entre Espanha e Portugal, eles detectam em média mais de 2.000 transmissões ilegais. Em cada jogo!

Quem está por trás disso tudo?

A pirataria não é feita por “gente do bem” querendo ajudar os outros. Longe disso. Estamos falando de redes criminosas internacionais.

O relatório da La Liga aponta o dedo para gigantes da tecnologia. Google aparece em praticamente todas as etapas da fraude: buscador, loja de aplicativos, serviços de hospedagem. E ainda lucra com propaganda nos sites piratas.

Mais de 51% dos streamings ilegais de jogos da La Liga usam a infraestrutura da Cloudflare. Telegram e X (antigo Twitter) também estão na lista, espalhando links e transmissões.

Entre fevereiro e julho de 2024, só no Facebook Marketplace foram encontrados 16.500 anúncios de aparelhos modificados para exibir conteúdo pirata. Quase 100 por dia.

Assustador, né?

Operações na América do Sul

A coisa ficou séria aqui do nosso lado também. Em setembro de 2024, a justiça argentina bloqueou o Magis TV, considerada a maior plataforma pirata da região. Eram mais de 110 milhões de acessos por ano.

O bloqueio foi tão pesado que a Google teve que impedir o aplicativo de funcionar até em celulares que já tinham ele instalado.

No Equador, em novembro, a polícia prendeu o responsável pela rede Flujo TV, que vendia pacotes ilegais para milhares de pessoas.

E aqui no Brasil? A La Liga entrou com processos contra a Google, argumentando que a empresa facilita a disseminação desse conteúdo ilegal. Não remove domínios inteiros e permite que sites irregulares até ganhem dinheiro com anúncios.

Bares e restaurantes na mira

Na Espanha, a La Liga conseguiu mais de mil condenações desde 2019. Só na temporada 2023/24, identificaram cerca de 15 mil estabelecimentos transmitindo jogos sem licença.

Isso gera uma perda estimada de 35 milhões de euros por ano. Além de ser concorrência desleal com quem faz tudo certinho e paga pelos direitos.

Imagina você, dono de bar, pagando o que deve. Aí o concorrente ao lado transmite tudo de graça, via pirataria, e lota o estabelecimento. Complicado, né?

O que funciona e o que não funciona

A Itália implementou uma lei em 2023 que virou referência. Os provedores de internet e até serviços de VPN são obrigados a bloquear transmissões piratas em tempo real. Quem for pego assistindo pode levar multa de até 5.000 euros.

Na Espanha existe uma ordem judicial que permite bloquear 250 domínios por semana. Só que durante o jogo mesmo, a resposta não é imediata. Dá tempo do pessoal migrar para outro site.

Aqui no Brasil, o combate ainda patina. Os bloqueios acontecem, mas são lentos demais. Quando derruba um site, já tem três no lugar.

Por que isso afeta você?

Talvez você esteja pensando: “Mas qual o problema? Só quero assistir meu time jogar.”

Entendo. Mas vamos pensar no quadro maior.

Quando os clubes perdem dinheiro, eles não conseguem investir. Seu time deixa de contratar aquele jogador que você queria. A base não recebe recursos. O estádio não é reformado. Os salários atrasam.

E tem outro detalhe: muitos desses sites piratas instalam vírus no seu celular ou computador. Roubam seus dados. Usam seu dispositivo para ataques cibernéticos. Não é só “assistir de graça” – você pode estar pagando de outras formas.

O tamanho do problema global

Segundo a Cybersecurity Ventures, o crime cibernético movimentou 8 trilhões de dólares em 2023. A projeção para 2025 é de 10,5 trilhões. Isso já supera até o tráfico de drogas em lucratividade.

Deixa isso afundar por um segundo. O crime digital é mais lucrativo que o tráfico de drogas.

E a pirataria esportiva é uma fatia considerável desse bolo podre.

VPN complica ainda mais

Cerca de 31% dos usuários de internet no mundo usam VPN. Essas ferramentas permitem “fingir” que você está em outro país, burlando bloqueios regionais.

Por isso a La Liga argumenta que o combate precisa ser global e integrado. Não adianta bloquear no Brasil se o cara usa VPN e acessa como se estivesse na Alemanha.

É um jogo de gato e rato muito complexo.

Tem solução?

Olha, solução fácil não existe afinal. Mas algumas coisas ajudariam muito:

Preços mais acessíveis para os serviços legais em suma. Vamos ser sinceros: muita gente recorre à pirataria porque não consegue pagar. Se fosse mais barato, mais gente assinaria.

Leis mais rígidas e rápidas como resultado. O bloqueio em tempo real, como na Itália, parece funcionar bem dessa forma.

Responsabilização das big techs enfim. Google, Cloudflare, redes sociais – todos precisam colaborar ativamente no combate, não apenas quando são forçados pela justiça.

Educação. Muita gente nem sabe que está alimentando o crime organizado quando acessa esses sites.

E você com isso?

Cada um precisa fazer sua parte afinal. Eu sei que não é fácil abrir mão da “vantagem” de assistir de graça desse modo. Mas pensa no longo prazo.

Você quer continuar vendo seu time jogar daqui a 10 anos assim? Quer que os campeonatos continuem existindo dessa forma? Então alguém precisa pagar a conta.

Além disso, sua segurança digital está em jogo. Assim como aquele site ou aplicativo “milagroso” pode estar fazendo muito mais do que só transmitir o jogo no seu dispositivo.

O futuro desse combate

A La Liga deixou claro que não vai desistir. O investimento de milhões de euros por ano mostra que estão levando isso a sério afinal.

As operações na América do Sul são apenas o começo assim. Com a estrutura montada e as ferramentas desenvolvidas, a tendência é que mais plataformas sejam derrubadas enfim.

Mas enquanto houver demanda, sempre surgirá oferta. Porém o problema só será resolvido de verdade quando houver uma combinação de preços justos, leis eficientes e conscientização dos torcedores.

Até lá, a guerra continua. De um lado, organizações investindo milhões no combate. Do outro, criminosos sempre encontrando novas brechas.

E no meio? Nós, os torcedores, decidindo de que lado queremos estar.


Fonte: https://www.infomoney.com.br/esportes/la-liga-investe-milhoes-contra-pirataria-e-consegue-bloqueios-ate-na-america-do-sul/

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